Realizado pela HospitalMed, em parceria com o Instituto Coalizão Saúde, o evento 100% online HospitalMed Digital apresentou ao mercado, nos dias 27 e 28 de outubro, uma revolução tecnológica já em curso na área da saúde – e que promete ainda mais avanços no futuro pós-pandemia.
O evento aconteceu no mesmo tom das discussões que propôs: inovador e com um pé no amanhã. Expositores da HospitalMed 2021 participaram da 1ª Feira de Negócios Virtual do setor de saúde, com o objetivo de apresentar suas soluções para os compradores do Brasil.
Fez parte da programação também o 3º Fórum de Líderes, com a curadoria do Instituto Coalizão Saúde, mais de 6 horas de conteúdo exclusivo e mais de 15 palestrantes especialistas de todo o país, com especial destaque para a participação de lideranças das regiões Norte e Nordeste.
A apresentação dos trabalhos foi do Presidente da HospitalMed, Rodrigo da Fonte, e da CEO do ICOS, Denise Eloi.
Momento de reflexão
O segundo painel do dia 27/10 reuniu o presidente do Instituto Coalizão Saúde, Claudio Lottenberg; e o Presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Sidney Klajner, para tratar do tema Hospitais do futuro – Visões das lideranças.
Participaram também do debate o diretor executivo do Hospital Santa Joana Recife, Alberto Cherpak; o Presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Laboratórios de Pernambuco (SINDHOSPE), George Trigueiro; o Diretor Executivo Regional na Rede D’Or São Luiz, Alexandre Loback; o provedor do Real Hospital Português, Alberto Ferreira da Costa; e o Presidente da Unimed João Pessoa, Gualter Ramalho.
Claudio Lottenberg iniciou chamando a atenção para o atual momento, que ele definiu como “extremamente especial”. “É um momento que nasce, infelizmente, com uma situação muito triste, que é o cenário da covid-19, mas que nos permite poder acelerar o questionamento acerca do papel dos hospitais – não mais como entes isolados da saúde, não mais como parte do sistema de saúde, mas como algo que pertence a um ecossistema”.
O presidente do ICOS seguiu informando que, no sistema de saúde, cerca de 55% das despesas acontecem no ambiente hospitalar – e 65% desses custos acontecem com aproximadamente 4% a 5% da população. Ao utilizar essas variáveis, e imaginando o aumento da expectativa de vida, Lottenberg recomendou um “trabalho melhor” na maneira como são utilizados os recursos. “Não estou falando aqui sobre performance ou mecânicas de pagamento, mas sim de um sistema de saúde que continua apresentando níveis inflacionários de dois dígitos, muito acima dos valores de IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo]. A sociedade não consegue continuar arcando com esses custos”.
Outro ponto levantado por Lottenberg foi a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que se insere num contexto que equaciona a cadeia produtiva da saúde com adventos como a telemedicina, a big data, o machine learning e a inteligência artificial (IA).
Tecnologia para humanizar o atendimento
Sidney Klajner contou sobre a missão e o objetivo do Hospital Israelita Albert Einstein – cujo planejamento estratégico, informou o executivo, se alicerça em três pilares: assistência, ensino & educação, e pesquisa & inovação “Todos esses pilares estão sustentados por uma forte estrutura de responsabilidade social, que faz com que o Einstein leve aquilo que inova também para a população – antes do nosso país e hoje a gente vê o Hospital Albert Einstein influenciando populações de outro países, baseado em quatro preceitos: boas ações, saúde, educação e justiça social”.
Klajner também trouxe alguns dos reconhecimentos internacionais obtidos pela instituição que preside, como o posto de Melhor Hospital, segundo a revista América Economia (pelo 11º ano consecutivo), e a presença no ranking dos melhores hospitais do mundo, criado pela da revista Newsweek, no 38º lugar. É a primeira vez que um hospital da América Latina aparece na lista da publicação norte-americana. “Além disso, já há três semanas, um ranking de hospital especializado coloca o nosso hospital em 21º como melhor em oncologia e o 34º em cardiologia”, informou.
A desospitalização e a humanização também entraram na pauta de Klajner – com a tecnologia como forma tanto de diminuir a necessidade das pessoas por internações quanto economizando tempo para os profissionais de saúde se dedicarem mais às relações com os pacientes. “A proximidade e o contato são coisas insubstituíveis, nem por máquina ou algoritmo algum”.
Interação entre líderes
Após as apresentações iniciais, teve início uma rica interação entre os painelistas e líderes do setor saúde da Região Nordeste, que participaram fazendo perguntas e observações acerca do tema do debate.
O primeiro deles foi Alberto Cherpak, que iniciou comentando sobre a importância de um encontro que possibilita a troca entre lideranças sobre aspecto fundamentai para a saúde, tais como transformação digital, jornada do paciente, entrega de valor, e mudanças nos modelos de remuneração entre prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde. “Mas sempre focando no paciente e na necessidade prestar os serviços com qualidade”.
George Trigueiro iniciou sua participação manifestando preocupação quanto ao futuro dos hospitais de pequeno e médio porte, e tocando na questão da desospitalização. Acrescentado a essa equação a “pressão já sofrida por conta da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais” (LGPD) e o envelhecimento da população, Trigueiro quis saber de Sidney Klajner como estruturar os hospitais mais locais nessa inclusão na era digital – ressaltando ainda que a telemedicina “deve ser executada por profissionais médicos”.
Alexandre Loback contribuiu para as discussões falando sobre os desafios enfrentados em 2020, por conta da pandemia, sobre o advento da inteligência artificial e ressaltou que caberá às “grandes organizações” liderar a as mudanças e, “ao mesmo tempo, adaptarem-se a elas”. Em seguida, quis saber de Claudio Lottenberg de que forma as lideranças da saúde deverão lidar com as incertezas e complexidade inerentes ao momento”.
Outra liderança da região, Alberto Ferreira da Costa perguntou a Sidney Klajner como o Hospital Israelita Albert Einstein está se posicionando visando a sustentabilidade e a qualidade. “Esses dois conceitos andam juntos”, ponderou Klajner, dando o exemplo da política da tripla meta, adotada pelo hospital, que 1) envolve a experiência do cuidado; 2) a promoção da saúde populacional; e 3) a redução do desperdício.
Gualter Ramalho dirigiu a Claudio Lottenberg sua pergunta sobre o que mais pode contribuir para um hospital do futuro – que, em sua análise, deve contemplar três aspetos: humanização & ambiência, tecnologia, e interconexão com toda a rede de assistência à saúde. “Um dos momentos que eu posso dizer que foram importantes foi o surgimento das organizações sociais”, respondeu o Presidente do ICOS. “Nós temos um sistema único, que prevê um financiamento público e a coparticipação do sistema privado de financiamento. E quanto maior for o financiamento privado mais recursos sobrarão para o financiamento público”.