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Evento, com tema Complexo Econômico-Industrial da Saúde, teve coordenação do Presidente do ICOS, Giovanni Guido Cerri, e participação da Vice-presidente da instituição Claudia Cohn

O Instituto Coalizão Saúde realizou, em parceria com o InovaHC, o encontro Complexo Econômico-Industrial da Saúde, convidando o Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, para falar sobre os desafios e oportunidades do Complexo Econômico-Industrial da Saúde no Brasil, na perspectiva de um novo momento para as políticas públicas no setor.

Na ocasião, subiram também ao palco do auditório do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas FMUSP (InRad), na manhã do dia 13/04, o Presidente do ICOS, Giovanni Guido Cerri, a Vice-presidente da instituição, Claudia Cohn, e o Vice-presidente do InovaHC, Fábio Jatene.

A plateia foi composta por lideranças do setor saúde, como Fernando Silveira, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (Abimed) e Sérgio Rocha, Presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos (Abraidi) e representantes da academia. O evento fez parte da série Fórum Político Permanente da Saúde, promovida pelo ICOS.

Ação sistêmica integrada

O Secretário Carlos Gadelha iniciou sua fala destacando a atuação do Instituto Coalizão Saúde, seu caráter propositivo e sua contribuição em abrir espaços de diálogo para os diferentes agentes da cadeia produtiva do setor – sejam eles do Governo, da iniciativa privada ou da academia. “Eu acredito muito nessa ideia de coalizão para a saúde, que envolva o nosso SUS, o acesso universal, o direito à saúde e também a ciência, tecnologia e inovação no nosso país. Eu acho que isso é possível e vejo este evento nessa perspectiva”.

Gadelha também ressaltou que o Ministério da Saúde se coloca “de portas abertas” para o diálogo. “Para ouvir, aprender e divulgar ideias”, afirmou, para, em seguida, deixar um alerta: “Em saúde a gente precisa fazer hoje e de novo e de novo, senão falta acesso, a vida das pessoas passa a correr riscos, falta medicamentos. É preciso cuidar de quem cuida”.\

Em seguida, o Secretário abordou as consequências da percepção da saúde no contexto pós-pandêmico, ressaltando o “papel diferenciado” da saúde em toda história da economia brasileira, como um dos complexos econômicos capazes de “dinamizar e reconstruir a economia nacional pela via da inovação e do conhecimento”.

Isso, no entanto, exige, em sua análise, “uma profunda mudança na política pública, mediante uma ação sistêmica e integrada” para o Brasil ter uma base produtiva e de conhecimento de sustentação visando o bem-estar social. “Ou aproveitamos essa oportunidade de conciliar saúde, vida e economia ou talvez não teremos outra, dado o ritmo de inovação existente no setor”.

Carlos Gadelha destacou também os principais desafios para o desenvolvimento do complexo econômico-industrial da saúde a fim de reduzir a vulnerabilidade em saúde. Entre eles, colocar a saúde como prioridade da política de desenvolvimento sustentável, garantir estabilidade e transparência para o uso estratégico do poder de compra do Estado, estimular a produção local – “Em um modelo que favoreça a produção regional e a cooperação global”, avaliou – e fortalecer modelos de parceria entre o Estado e o Setor Privado, proposta defendida pelo ICOS desde seu surgimento –  saiba mais na publicação ICOS Propostas para a Saúde do Brasil 2023 – 2030.

“Além disso, é preciso apoio à produção local e à inovação, estabelecer uma regulação proativa para a produção e a inovação, constituir um ambiente institucional que garanta segurança jurídica para o investimento e instituir a sustentabilidade [do setor saúde] como fator decisivo para o estímulo à produção e inovação local”, concluiu.

Ao final da fala de Gadelha, o Presidente do ICOS Giovanni Guido Cerri reforçou tanto a importância da agenda de inovação na saúde quanto os desafios que ela apresenta. “Até pelas próprias complexidades que o país tem. Por isso é importante tratar do tema da recuperação do parque industrial na área da saúde”.

A Vice-presidente do ICOS, Claudia Cohn, ressaltou o quão fundamental é a clareza acerca dos próximos passos rumo um futuro mais sustentável e inovador para saúde. “Eu considero, inclusive, muito importante a cobertura desse evento [por parte da imprensa] para que ele saia dessa sala e chegue até a sociedade”, avaliou, também comentando que o acesso igualitário à saúde é consequência de “grandes mentes”, de setores diferentes. “E eu acho que a coalizão traz isso e traz também conhecimento”.

Antes da fase de perguntas por parte da plateia – em si, tão rica quanto a própria explanação dos convidados –, Fábio Jatene finalizou as apresentações deixando um ponto de reflexão para os presentes. “Eu sou um pouco pessimista. Não em relação ao que podemos fazer, mas em relação ao que já fizemos. Mas vou deixar um pouco meu pessimismo e o meu ceticismo de lado e partir daqui para a frente. Não tenho expectativa de que a gente consiga tirar o nosso atraso, que está ficando cada vez maior, mas tenho expectativa que a gente consiga avançar. E, progressivamente, talvez a gente consiga repor o tempo perdido”.