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O Instituto Coalizão Saúde marcou presença no Fórum Healthcare Business 2020 por meio de sua CEO, Denise Eloi, que moderou o debate Lições pós COVID-19: Competência, Criatividade e Consistência. O encontro reuniu o Presidente da Rede Mater Dei, Henrique Salvador; o Superintendente da Santa Casa de Montes Claros, Maurício Sérgio Souza Silva; e a Superintendente do Hospital Edmundo Vasconcelos, Maria Lucia Capelo Vides.

Denise iniciou as discussões, mencionando as incertezas que esse momento traz, não somente para o setor da saúde, mas para todas as sociedades, no mundo inteiro. “Essa crise exigiu, de todos os segmentos, uma dedicação muito grande com os cuidados em saúde e, principalmente, com a melhor entrega de valor assistencial”.

O primeiro tópico abordado foram as experiencias e desafios enfrentados pelas instituições. “A pandemia trouxe muito ensinamentos”, começou Henrique Salvador. “Um deles foi a necessidade de termos fluxos diferenciados para atender às diversas doenças. Investir no trabalhador – seja o médico, seja o colaborador – foi outra lição importante”.

O executivo também citou a comprovação de como determinadas instituições de saúde servem, de fato, como referência nas comunidades nas quais estão inseridas. E, dentro disso, contou como a Rede Mater Dei se envolveu no desenvolvimento de respiradores hospitalares por duas indústrias locais – que não são da área da medicina, mas que se mobilizaram nessa produção a fim de suprir a deficiência do momento. “Essas empresas estão hoje com seus produtos aprovados na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e sendo comercializados por valores muito menores do que os produtos importados”.

Outras iniciativas encapadas pela rede foram o apoio ao Movimento Dias Melhores, do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), para aquisição e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) a hospitais públicos; a criação de leitos de UTI no Pará; e o desenvolvimento – em conjunto com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e com o Governo do Estado de Minas Gerais – de outros 180 leitos de UTI para o Sistema Único de Saúde (SUS).

“Não importa se você trabalha na área privada ou pública, um movimento como esse interessa à sociedade como um todo. O comprometimento social que uma organização hospitalar precisa ter nesse momento não é apenas com o seu segmento de atuação. Como especialistas em saúde, e referência para uma sociedade, é importante que a gente diga ‘presente’ nesse momento”.

O desafio da boa comunicação

Maria Lucia Capelo Vides iniciou sua fala reiterando que “o paciente é a razão de ser” de todas as ações e projetos do Hospital Edmundo Vasconcelos. E que, por isso, o primeiro grande chamamento em função da chegada da pandemia, logo em seu início, foi se perguntar como gerar a melhor experiência possível para as pessoas ao longo da crise.

“Eram muitas coisas para ajustar. Mas a gente queria que esse paciente – fosse de covid-19, fossem os internados por outras razões – tivesse uma boa jornada. E como a gente trabalha o cuidado centrado, todas as ações foram pautadas: segurança, qualidade, comunicação efetiva”.

A comunicação, na verdade, foi o “grande desafio”, comentou a administradora. “Vimos a necessidade de um diálogo constante, porque a cada minuto surgia uma nova rotina, um novo protocolo, um novo procedimento, informações que surgiam”.

A tecnologia foi uma grande aliada. Desde o tablet usado para a visita na UTI até a própria telemedicina. “Mas para que tudo isso aconteça, devemos pensar nas competências que todos precisamos ter nesse período”, retomou, mencionando agilidade na tomada de decisões. “A gente sempre diz que o gestor pensa globalmente e age localmente, e isso foi, de fato, um norteador, porque constantemente se buscou informações, trazendo-as para o ambiente de trabalho e transformando-as em conhecimento”.

Tecnologia da informação

Ainda dentro da perceptiva do relato de experiências, Maurício Sérgio Souza Silva começou revelando que a Santa Casa de Montes Claros é referência para quase dois milhões de pessoas e o desafio que isso representa. “Tão logo chegou essa pandemia, a nossa preocupação foi instalar um comitê de crise que pudesse discutir e planejar, em tempo recorde, como nós faríamos para poder superar e conviver com o coronavírus”.

Uma das implementações foi o chamado Painel de Gestão, que permite aos profissionais terem acesso a informações em tempo real, a fim de chegar às melhores práticas na gestão do hospital. “Se o paciente foi assistido ou não, onde ele se encontra, se há exames pendentes”, exemplificou o gestor.

“Isso nos trouxe uma assertividade muito grande, porque nós fizemos muitas ações em tempo recorde, e de forma planejada, onde nós conseguimos garantir a segurança – de pacientes e colaboradores”, contou.

Desafios e conquistas da gestão

Ao final das primeiras colocações, a Denise Eloi levantou uma reflexão acerca da importância das santas casas no suporte ao Sistema Único de Saúde. “Penso que precisamos sair desse momento valorizando ainda mais o SUS, repensando seus modelos de financiamento e, principalmente, valorizando as ações de integração entre os sistemas público e privado”.

Antes do encerramento do debate, os participantes deram suas visões sobre o futuro da gestão de saúde. O que é essencial estar no radar dessas lideranças?

“Eu diria que uma das lições foi que as organizações – as privadas, pelo menos – precisam ter ‘poupança’”, começou respondendo Henrique Salvador. “Esse foi o ano da gestão do caixa e não do orçamento”. Outro ensinamento, colocou, foi a necessidade de investir num melhor acesso. “Este ano, apesar de toda a crise, certificamos dois hospitais nossos pela JCI [Joint Commission International, órgão certificador de qualidade de instituições de saúde no mundo todo]. Então, agora todos os nossos hospitais têm essa certificação”.

Maria Lucia Capelo Vides enveredou pelas formas de manter equipes motivadas, adianto que o bom ambiente de trabalho é aquele que “maximiza o potencial das pessoas”. “Comprometimento e motivação são, portanto, aspectos indissociáveis. E eu diria que foi essa relação, construída ao longo de décadas aqui no Hospital Edmundo Vasconcelos, que permite aos funcionários sentirem que os valores deles e os da instituição comungam”.

Por fim, Maurício Sérgio Souza Silva abordou o aspecto da equidade, que caracteriza o trabalho de instituições como a Santa Casa de Montes Claros, relacionando-a a tecnologias como a telemedicina, a telessaúde e a inteligência artificial. “Nós temos que associar no nosso dia a dia, de forma ainda mais intensa, o uso dessas tecnologias para melhorar os processos, para garantir a segurança dos pacientes e, principalmente, para minimizar custos”.

O Fórum Healthcare Business, que aconteceu nos dias 20 e 21 de outubro, foi 100% digital e teve como temática “O despertar de uma nova saúde”.