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Evento foi continuidade de uma parceria entre o Instituto Coalizão Saúde, com todas as suas instituições e empresas associadas, e o Governo Britânico 

Como acontece todos os anos, o Instituto Coalizão Saúde marcou presença no megaevento de saúde Hospitalar 2023 ocupando uma das salas de debate, no Mezanino do São Paulo Expo, para promover encontros entre os diferentes agentes da cadeia produtiva da saúde.

No último dia 25/05, o ICOS recebeu autoridades e especialistas nacionais e estrangeiros para o Fórum Internacional ICOS – Diálogos Brasil-Reino Unido, parte da série de discussões que acontecem em parceria com o Governo Britânico e abre espaços para troca de experiências em saúde entre os dois países.

Na pauta, casos de sucesso na ampliação de acesso ao cuidado, a  saúde digital e os desafios e oportunidades para o brasileiro SUS e o britânico NHS – que serviu de modelo para a criação do nosso sistema universal de atendimento.

A abertura dos painéis ficou a cargo do Presidente do Conselho do ICOS, Giovanni Guido Cerri; da Ministra Conselheira e Consul Geral adjunta do Consulado Britânico em São Paulo, Lisa Weedon; e do Deputado Federal Pedro Westphalen, Presidente da Frente Parlamentar Mista em Serviços de Saúde.

“A pandemia realmente impulsionou a tecnologia e conseguiu vencer as resistências que existiam em relação a saúde digital”, iniciou Cerri. “E nós percebemos que a conectividade é uma questão essencial em regiões remotas. E, no Brasil, as regiões remotas, de difícil acesso, se encontram até na periferia das grandes cidades”.

Em sua primeira vez na Hospitalar, Lisa Weedon salientou que estava impressionada com o tamanho do evento e destacou que a parceria entre o Brasil e o Reino Unido, para tratar de questões do setor saúde, não é nova. “Já foram muitos encontros e discussões acerca de como a saúde digital pode melhorar o acesso da população nos dois países”, lembrou. “Minha primeira vinda ao Brasil foi durante a pandemia e, embora tenha sido algo muito desafiador, foi incrível perceber quantas oportunidades havia, e há, de trabalharmos juntos, Reino Unido e Brasil”.

O Deputado Federal Pedro Westphalen iniciou sua fala salientando que se sente “convocado” a participar dos eventos do ICOS, dada a importância da instituição na articulação entre atores do setor. “O ICOS tem sido um instituto que, ao longo dos anos, se mostrou fundamental para aspectos da saúde brasileira, como o acesso do paciente, nunca esquecendo da qualidade; e a sustentabilidade, para a qual ICOS contribui com estudos, inovação e ciência”.

A inovação como resposta

Dividido em duas mesas redondas, o evento recebeu o primeiro time de especialistas para o painel Diálogos Brasil – Reino Unido em Saúde Digital: a inovação como alavanca para a sustentabilidade do setor.

Subiram ao palco o Diretor Executivo do InovaHC, Marco Bego; o COO Adjunto e Diretor de Operações Digitais e Inovação do Chelsea and Westminster Hospital NHS Foundation Trust, Bruno Botelho; e o Gerente Sênior de Contas Estratégicas (Reino Unido & Internacional) da LumiraDx, Neil Mackay. A moderação do debate foi de Giovanni Guido Cerri.

Bruno Botelho iniciou as discussões reafirmando que traria, em sua fala, algumas contribuições do modelo britânico de assistência, mas que também levaria muito consigo na volta ao Reino Unido, dada a “tantas experiências positivas” que viu aqui. A inovação no setor foi a tônica de sua fala.

“Acho que todos puderam perceber, durante a pandemia, o quão importante pode ser o digital”, afirmou, se referindo a como a tecnologia pode ajudar no controle ou prevenção das doenças crônicas mais comuns – aqui e lá fora –, como a diabetes e a hipertensão. “Ambas acabam sobrecarregando os hospitais e clínicas”

Representando a britânica LumiraDx, especializada em diagnósticos de ponto de atendimento para saúde comunitária, Neil Mackay abordou as saídas tecnológicas desenvolvidas pela empresa, como a criação de plataformas em diagnósticos no local de atendimento (conhecidas, em inglês, pela sigla POC – points of care), o uso de plataformas baseadas em nuvem (que integram redes de sistemas de saúde e transferem dados de pacientes) e o uso de dados para desenvolver planos de autocuidado.

 

Marco Bego explanou sobre o plano de saúde digital desenvolvido pelo InovaHC para o Hospital das Clínicas, em parceria com o Governo Birtânico e o Ministério da Saúde. “Fazendo o resumo de uma história bem longa, o que nós conseguimos com esse trabalho foi criarmos um framework de entrada de projetos de saúde digital no HC que nos dá um diferencial competitivo muito grande para produzir novos serviços digitais, que passam pela jornada do paciente, por protocolos, governança, sustentabilidade, medições e regulação”.

Exemplos de sucesso

Com moderação da Gerente Regional LATAC de Saúde e Ciências da Vida, Governo Britânico no Brasil, Juliana Caires, a segunda mesa apresentou o tema “Estratégias digitais em atenção primária no Brasil e no Reino Unido: cases de sucesso”, com a presença do Presidente Executivo do Conselho de Administração da DASA, Romeu Cortês Domingues; da CEO da Health Care First Partnership, Jyoti Mehan; do Chefe de Assuntos Internacionais e Diretor Assistente da Royal College of General Practitioners, Mark Baumfield; e do CEO e Sócio do Grupo Modality Partnership Vincent Sai.

Como representante do Royal College of General Practitioners, uma entidade que congrega mais de 50 mil médicos clínicos gerais no Reino Unido, Mark Baumfield discorreu sobre as questões-chave para o profissional de saúde, como a formação, o treinamento constante, a pesquisa e a criação de padrões clínicos. “O acesso à atenção primária em saúde é um direito humano fundamental. Por isso, nosso lema é ‘compaixão e conhecimento’”.

Jyoti Mehan, especialista em estratégias digitais na atenção primária, destacou os desafios enfrentados ao adotar tecnologias digitais. “A população está envelhecendo e apresentando um maior número de doenças crônicas. Além disso, há uma sobrecarga na força de trabalho, com profissionais deixando o setor devido ao esgotamento. Garantir a segurança e confiabilidade dos sistemas digitais também é uma preocupação constante”, afirmou.

Romeu Côrtes Domingues abordou dois pontos cruciais que merecem atenção: a interoperabilidade de dados, que permite o compartilhamento de informações entre diferentes sistemas e operadoras de saúde; e a conscientização da população acerca da importância da prevenção e do tratamento contínuo. “É fundamental combater a cultura de desconfiança e estabelecer um relacionamento sólido entre os profissionais de saúde e os pacientes”, disse.

A importância do trabalho com profissionais que acreditem na “cultura da atenção primária”, como colocou, foi o centro da fala de Vincent Sai, que acredita também no pleno entendimento dessa importância como força motriz para melhorar a experiência do paciente. “Existem oportunidades para uma maior sinergia dentro da assistência primária e entre os profissionais que buscam melhorar a qualidade dos cuidados”, avaliou. “No entanto, ainda é necessário encontrar soluções para o baixo número de profissionais dispostos a enfrentar esse desafio”.