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Instituto Coalização Saúde foi representado por seu Vice-presidente, Giovanni Guido Cerri

Realizada no formato híbrido – parte presencial e parte online – a primeira edição do Summit Inteligência Artificial para Saúde: Compras Públicas de Inovação e Inteligência Artificial reuniu debates não somente sobre compras públicas de dispositivos dotados de Inteligência Artificial (IA), como também tratou de aspectos importantes do desenvolvimento de tecnologia, os riscos e as condições de sua implantação, a necessidade de regulações, e o papel que cada entidade pode exercer nessa pauta.

O evento aconteceu no dia 15, quando realizou um dia inteiro de debates, e de 18 a 22, com painéis diários de uma hora e meia. O Instituto Coalizão Saúde participou do primeiro dia, representado por seu Vice-presidente Giovanni Guido Cerri, também Presidente da Comissão de Inovação do HCFMUSP e presidente do Conselho Diretor do InRad.

Confira abaixo a integra dos painéis:

Mensagens de abertura

A primeira hora de painéis, no dia 15/10, reuniu autoridades e especialistas que trataram da inovação de diferentes pontos de vista. O Chief Innovation Officer do InovaHC, Marco Antonio Bego, abriu os trabalhos contando de que formas a IA pode melhorar a assertividade de alguns diagnósticos, promovendo mais informações para a tomada de decisão por parte dos gestores.

Em seguida, o coordenador científico do evento, Dr. Arnaldo Hossepian Junior, colocou a questão de como lidar com o “raciocínio linear da máquina” de que forma ela pode liberar o ser humano de tarefas mecânicas, deixando-o livre exercer aquilo no qual “o ser humano é insubstituível”, como colocou: a criatividade. “Não é possível que a máquina faça esse papel [ser criativa]”, disse. “Mas com certeza, e o Hospital das Clínicas conseguiu mostrar isso, a máquina bem trabalhada terá condições de fazer um diagnóstico mais preciso ou apurar melhor questões como, por exemplo, as que envolvem filas no atendimento”.

Na sequência, foi realizado um debate entre lideranças. Subiram ao palco o Vice-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ministro Bruno Dantas; o Presidente do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (TJ-SP), Desembargador Dr. Geraldo Francisco Pinheiro, a Presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP), Conselheira Cristiana de Castro Moraes; o Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo (MP-SP), Dr. Mario Luiz Sarrubbo, a Procuradora Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP), Dra. Maria Lia Pinto Porto Corona; o Defensor Público-Geral (DPE – SP), Dr. Florisvaldo Fiorentino Jr;  o Diretor da FMUSP e Presidente do Conselho Deliberativo do HCFMSUP, Prof. Dr. Tarcisio Eloy Pessoa de Barros Filho; a Diretoria Clínica da HCFMUSP, Profa. Dra. Eloísa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, o Superintendente do HCFMUSP, Superintendente Antônio José Pereira, e o Presidente da Comissão de Inovação do HCFMUSP e presidente do Conselho Diretor do InRad, Giovanni Guido Cerri, também Vice-Presidente do ICOS.

O potencial da Inteligência Artificial para a saúde

Dr. Tarcisio Eloy Pessoa de Barros Filho foi o primeiro a ter a palavra, destacando o papel do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo no enfrentamento da pandemia até agora. “Toda a casa se mobilizou, se deslocou, saiu de sua zona de conforto, para auxiliar no atendimento à população, principalmente aos mais carentes”.

A Professora Dra. Eloísa Silva Dutra de Oliveira Bonfá chamou a atenção para atuação da Comissão de Inovação do Hospital das Clínicas, liderada pelo Dr. Giovanni Cerri. “Nós [Hospital das Clínicas] somos o maior hospital público terciário da América Latina”, salientou, lembrando que para gerir bem a máquina, é preciso ter uma área administrativa muito eficiente.

“A relação com o Tribunal de Contas, Ministério Público e Defensoria Pública faz a total diferença para essa autarquia”, opinou o Superintendente Antônio José Pereira, que complementou: “Isso tem ajudado muito a gente para que o Hospital das Clínicas tenha, todo final de ano, o reconhecimento de suas contas bem avaliadas”.

O próximo foi Giovanni Cerri, que falou sobre a criação do Laboratório de Inteligência Artificial, criado no ano passado e voltado para a saúde. “Eu vejo que a inovação teve um grande impulso ao longo da pandemia. Nós estamos resolvendo aqui um grande problema de saúde digital para poder atender nossos pacientes. A tecnologia sempre foi encarada como um aumento de custo. Agora temos a grande oportunidade, com a inteligência artificial e outros mecanismos da saúde digital, de podermos avançar reduzindo custos”.

Giovanni Cerri comentou ainda que, sem sua visão, a Inteligência Artificial e a saúde digital podem atingir o grande objetivo de reduzir a desigualdade e melhorar o acesso. “Esse é o grande problema da saúde hoje: um país muito desigual, o que resulta numa saúde oferecida de níveis diferentes, o que é um grande desconforto para nós que atuamos na saúde, em particular para o Hospital das Clínicas”.

Em sua mensagem, o Desembargador Dr. Geraldo Francisco Pinheiro ressaltou o conceito de Inteligência Artificial, com ênfase para sua capacidade de “potencializar a ação humana”, e a forma como o avento tem sido internalizado em diferentes instituições “com muito entusiasmo”.

A Conselheira Cristiana de Castro Moraes destacou o potencial que as novas tecnologias nos aportam, no sentido de aprimorar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes, colocando também os desafios no manejo da Inteligência Artificial na saúde. “O qual deve ser direcionado para benefício público e respeito aos diretos humanos”.

“Nós, no Ministério Público de São Paulo, não abrimos mãos de ter conosco profissionais desta casa [Hospital das Clínicas] em nosso comitê de crise”, iniciou o Dr. Mario Luiz Sarrubbo em sua fala, na qual também destacou a importância de oportunidades, seja em eventos pontuais seja no dia a dia, para cuidar de interesses comuns: a população do estado de São Paulo e do Brasil.

A Dra. Maria Lia Pinto Porto Corona salientou como a Procuradoria Geral do Estado investe no estudo da Inteligência Artificial – investimento esse que se traduz, entre outros exemplos, na presença da casa no Fórum Econômico Mundial cujo objetivo é desenvolver as contratações jurídicas. “No melhor caminho para o gestor público poder trabalhar com essas ferramentas”.

Dr. Florisvaldo Fiorentino Jr. compartilhou, sob a ótica da Defensoria Pública de São Paulo, considerações acerca do “intenso avanço” que vemos presenciando em processos tecnológicos. “Evidentemente que a Defensoria Pública, ao longo de alguns anos, antes da pandemia, já avançava dentro de um projeto de maior inclusão, dentro de nosso processo de trabalho, do usuário mais vulnerável”.

Num apresentação em vídeo, o Presidente Executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), Fernando Silveira Filho, marco presença com mensagem de agradecimento a todas as autoridades reunidas no evento, cuja importância também foi ressaltada em sua mensagem.

Participando de forma remota, o representante do centro de pesquisas C4IR Brasil, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Dr. Paulo Alvim, iniciou sua fala agradecendo os presentes em nome do Ministro Marcos Pontes, para em seguida destacar a importância do evento. “Falar de saúde digital e de Inteligência Artificial é estratégico”.

Para abordar o tema “Fiscalização do TCU na Informatização as Saúde”, o Ministro Dr. Bruno Dantas encerrou os trabalhos da manhã do dia 15/10. “Quando se fala em ampliação de gastos com informatização – e, ao mesmo tempo, de unificação da linguagem com que os diversos tribunais se comunicam –, falamos em uma percepção de que o gasto com informática é uma despesa como outra qualquer. Se nós formos verificar os serviços que são informatizados e, a partir da inserção da Inteligência Artificial, nós vemos que uma despesa que é feita no momento presente representa uma grande economia no futuro”.

Exemplos de inovação

A parte da tarde – do primeiro dia Summit Inteligência Artificial para Saúde: Compras Públicas de Inovação e Inteligência Artificial – foi pontuada por paneis temáticos. O primeiro deles, “Governo, Sociedade, Universidade e Iniciativa Privada no Desenvolvimento de Inovação e Inteligência Artificial na Saúde”, teve moderação de Giovanni Guido Cerri e reuniu o Defensor Público Coordenador de Tecnologia da Informação, Dr. Erik Saddi Arnesen, a CEO do Grupo Fleury, Jeane Mike Tsutsui; e o Head Digital da Siemens Healthineers, Jacques Chicourel.

Ao iniciar a discussão, Giovanni Guido Cerri chamou a atenção para o potencial da Inteligência Artificial de “melhorar muito” o poder de gestão do governo e da iniciativa privada. “Para isso, nós precisamos aprimorar a questão das compras públicas, é preciso ter domínio do que se está adquirindo e de como utilizar a tecnologia.

Dr. Erik Saddi Arnesen, Defensor Público Coordenador de Tecnologia da Informação, assumiu então o púlpito e ofereceu um panorama das iniciativas em inovação promovidas pelo órgão, durante (e em virtude da) pandemia. Entre os exemplos, Amensen citou o Atendente Virtual – DEFi, que oferece orientações à distância 24 horas por dia. “Isso mudou completamente  forma de trabalho, pois permite a realização dos agendamentos e atendimentos remotos para todo o estado de São Paulo.

CEO do Grupo Fleury, Jeane Mike Tsutsui tratou das possibilidades de conexão entre governo e iniciativa privada, apresentando alguns números da saúde digital. Entre eles, a marca de US$ 59 bilhões movimentados no mercado de mobile health no mundo todo; e a de mais de 6,1 bilhões de pessoas com smartphones ou tablets com acesso a apps de saúde. “Toda essa visão de saúde digital tem mudado também não só com relação a você informar o paciente sobre sua saúde, mas também quanto ao desafio de engajar o paciente para o autocuidado”.

Jacques Chicourel, Head Digital da Siemens Healthineers, falou sobre a criação e o objetivo do In.Lab, espaço destinado a desenvolvedores de Inteligência Artificial criado em parceria pela Siemens Healthineers e o Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). “Hoje, parte do time das Siemens trabalha dentro do InRad, desenvolvendo inovação não somente para o Brasil, setores público e privado, como também para toda a América Latina”.

Poder de compra do Estado em tecnologia

Para o segundo painel, “Compras Públicas de Inovação, Nova Lei de Licitações e Marco Legal das Startups”, foram convidados ao palco o Procurador do Estado (PGE), Dr. Rafael Carvalho de Fassio, o Conselheiro de Empresas e Advisor de Fundos de Private Equity para investimentos no Setor da Saúde, Luiz de Luca. A moderação foi de Chief Innovation Officer do InovaHC, Marco Antonio Bego.

Luiz de Luca traçou uma linha do tempo sobre as parcerias público-privadas no Hospital das Clínicas, mostrando como esse tipo de consórcio pode beneficiar ambas as partes e também a população atendida, desde que seja garantida uma auditoria eficiente e autônoma. “Isso nos mostra que claro que existem oportunidades, e as empresas privadas têm enorme interesse [em fazer parceria com o governo]. É preciso trabalhar melhor a transferência tecnológica e a gestão da informação”

Dr. Fassio falou sobre instrumentos de Contratação de Inovação e ressaltou que, no mundo todo, embora seja as empresas privadas as geradoras de novos equipamentos e serviços, o apoio do governo é fundamental para que a inovação aconteça. “Existem muitas evidências internacionais, e não é de hoje, que mostram que o desenvolvimento dessas tecnologias, por meio do poder de compra do Estado, sempre se revelou uma aposta muito segura”.