Workshop promovido em parceria com a FGV reuniu representantes de mais de 30 instituições associadas e dirigentes de sociedades médicas com o objetivo de avaliar a nova proposta que regula o uso da Inteligência Artificial no setor da saúde
O Instituto Coalizão Saúde (ICOS), em parceria com o Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP e apoio do Johnson&Johnson Institute, promoveu nesta segunda-feira, 3 de junho, o workshop SintonIA Saúde que reuniu diversos especialistas e representantes de entidades médicas para o debate sobre a regulação da IA no setor da saúde.
Com o objetivo de fomentar a discussão e compartilhar as diferentes perspectivas sobre o tema, o encontro levantou questões como as aplicações, experiências e questões a serem consideradas para uma regulação da Inteligência Artificial que não coloque em risco a inovação e avanço tecnológico no país.
Para a vice-presidente do ICOS, Claudia Cohn, o assunto deve ser discutido entre todos no setor da saúde, amplificando visões e opiniões sobre o tema. “A transformação da saúde utilizando a inteligência artificial não tem outra fórmula, senão passando pela regulação. O debate precisa ser construído de forma conjunta e sem concorrências, envolvendo universidades, sociedades médicas e institutos de inovação, para que a gente pise em um futuro muito mais seguro para a saúde, que não coloque empecilhos à Inovação e sim traga mais segurança”, afirma.
Participando como keynote speaker, a deputada federal Adriana Ventura (NOVO), que integra a Frente Parlamentar da Saúde Digital no Congresso, abriu a discussão com um panorama sobre os projetos de regulação da IA no país e o documento atual que passa pela Câmara dos Deputados, em Brasília.
O primeiro painel do evento abordou as atividades médicas e o uso de IA e propôs a discussão sobre o que a tecnologia oferece e o que se deve regular. O debate foi aberto pelo presidente do ICOS, Giovanni Cerri, que compartilhou sua experiência e avaliação sobre o caminho que país toma para regular o uso das ferramentas.
“Há uma compreensão de que a Inteligência Artificial terá um impacto muito grande na saúde, sendo uma ferramenta que poderá melhorar a eficiência de serviços médicos, a segurança para o paciente e a precisão do diagnóstico. Porém ao restringir suas aplicações e enquadrar o uso em categorias de alto risco, cria-se empecilhos à essa inovação. Estamos falando de um mercado de quase de US$ 1 trilhão de dólares, com potencial de aplicações e impactos a toda a cadeia de saúde”, ressaltou Giovanni Cerri.
O painel contou com a participação da médica Beatriz de Faria Leão, do Hospital Sírio-Libanês, que trabalha na área de Informática em Saúde desde a década de 80 e contribuiu com pontos de atenção do uso da IA, como por exemplo a transparência e explicabilidade da IA. “É preciso que esteja claro para o médico quais os objetivos com o uso da ferramenta, mas que a decisão e a conduta a ser seguida será dele, igualmente como a sua responsabilidade pelo caso”, explicou.
O segundo painel do workshop chamou ao debate as entidades de saúde, para discussão sobre o papel dos conselhos e das sociedades médicas nos padrões setoriais. A diretora da Faculdade de Medicina da USP, Eloisá Bonfá, ponderou sobre o papel das universidades na preparação de médicos e especialistas. “A preparação dos profissionais é um dever das instituições de ensino, que precisam desenvolver a análise crítica de estudantes para uso das novas ferramentas na prática médica”, afirmou Bonfá.
O presidente da Sociedade Brasileira de Videocirurgia, Robótica e Digital – SOBRACIL, Dr. Carlos Eduardo Domene, destacou que as novas ferramentas de simulação melhoram a prática e conduta do profissional preparado para aplicá-las. “A IA já é uma realidade, não podemos fugir disso”.
As discussões levantadas durante o worshop SintonIA sobre os desafios regulatórios da IA na saúde também ajudarão a orientar a elaboração do policy paper sobre a regulação, que está em desenvolvimento pela FGV, o InovaHC e o ICOS.