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O Instituto Coalizão Saúde participou do 23° Congresso Internacional UNIDAS com a curadoria do painel O Futuro de Modelos de Remuneração Baseados em Valor.

O encontro online teve como convidado especial o Presidente do Value-Based Health Care Center Europe, Fred Van Eenennaam.

A ocasião contou também com a participação da Superintendente de Economia da Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein, Vanessa Teich, e do Diretor da Johnson & Johnson Medical, Fabrício Campolina, coordenador do Grupo de Trabalho ICOS Modelos de Pagamento Baseados em Valor. A moderação foi da CEO do ICOS, Denise Eloi.

Fabrício Campolina iniciou as discussões falando sobre o Grupo de Trabalho ICOS Modelos de Pagamento Baseados em Valor, que conta com mais de 40 especialistas, de diferentes áreas do setor – entre elas hospitais, planos de saúde e a indústria – e que já promoveu mais de 100 horas de discussão, no intuito de contribuir para a adoção de Modelos de Pagamento Baseados em Valor no Brasil.

Consulte e/ou baixe gratuitamente a publicação ICOS Modelos de Pagamento Baseados em Valor [link: https://icos.org.br/modelos-de-pagamento-baseados-em-valor-2/]

O especialista também apresentou a definição de “valor” segundo o ICOS: “O equilíbrio entre a percepção do cidadão, enquanto à experiência assistencial, seguido de esforços na prevenção e tratamento apropriados que proporcionem desfechos clínicos de alta qualidade, e custos adequados em todo o ciclo de cuidado, permitindo a sustentabilidade do sistema de saúde”, afirmou Campolina, que também trouxe dados do Instituto Coalizão Saúde acerca do envelhecimento populacional: 19% da população brasileira terá mais de 60 anos até 2030.

“O sistema free for service é o modelo adequado para uma população jovem, que sofre de doenças infecciosas. Quando passamos para uma população mais idosa, que sofre de doenças crônicas, precisamos nos mover na direção do Value Base Care [Pagamento Baseados em Valor] para ter a sustentabilidade do sistema”, analisou.

Uma média de desfechos

Fred Van Eenennaam trouxe evidências, em experiências internacionais, da eficácia dos Modelos de Pagamento Baseados em Valor. “Essa ideia de pagamento com base em desfechos se trata muito menos de redução de custos e mais de compartilhar os riscos”, afirmou Van Eenennaam. “Em outros sistemas de pagamento, você não captura tudo. Realmente é preciso fazer com que você inclua todos os custos, para que os fornecedores realmente façam o tratamento certo”.

O especialista também ensinou que o primeiro passo é “entender a média de desfechos”. Para, em seguida, definir preços, entender os riscos (como eles serão compartilhados) e qual será o “prêmio” a ser adicionado à remuneração. “Isso permite que todos possam absorver uma parte desses riscos”.

Debate com a participação dos internautas

Na sequência da fala de abertura do Presidente do Value-Based Health Care Center Europe, teve início um debate, conduzido por Vanessa Teich, e com a participação dos internautas, que enviaram perguntas. Uma das questões foi sobre como definir desfechos que sejam amplos o suficiente para incluir todos os procedimentos sem incorrer em injustiças na hora de remunerar, por exemplo, os médicos ou os fornecedores que trabalham com pacientes de maior risco.

“Precisa existir confiança entre a seguradora, o hospital e a equipe médica”, começou respondendo Van Eenennaam. “Ninguém acerta da primeira vez, vocês vão ter que fazer alguns experimentos, e será preciso trabalhar com doenças muito importantes para começar – já que para doenças menos importantes seria muito trabalho para pouco resultado, ao menos no começo”.

De acordo com especialista, um bom ponto de partida é a criação de um contrato “que se desenvolva com o tempo”. Na medida em que as respostas positivas cheguem, é possível aumentar o escopo de desfechos esperados. “E se der algum problema, você vai ter uma certa penalidade monetária, mas não vai falir nem o hospital nem as seguradoras”.

Outro ponto, ainda relacionado aos desfechos, foi sobre a melhor forma de medi-los. “A primeira coisa é nos certificar de que as condições médicas estão sendo tratadas de acordo”, analisou o convidado. “Sei que pode parecer estranho dizer isso, mas a recomendação é não começar com os desfechos de imediato – seja com base hospitalar ou em cirurgias”.

O passo seguinte seria consultar a própria equipe médica envolvida acerca dos aspectos considerados cruciais. “E em seguida perguntar para os pacientes o que eles acreditam que seja importante. Depois cruzem as respostas, e tenham sabedoria para escolher de cinco a sete pontos úteis, fáceis de realizar e significativos para os pacientes”.

A CEO do ICOS, e mediadora do painel, Denise Eloi encerrou ressaltando a importância do assunto. “Esse tema está na agenda do Instituto Coalizão Saúde, do sistema de saúde suplementar e do sistema de saúde brasileiro como um todo”.