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Até 2030, a população brasileira idosa (acima de 60 anos) deverá triplicar, equiparando nossa pirâmide etária à do Japão atual, mas com um PIB per capita muito menor. Além disso, cerca de apenas 10% dos idosos de renda média terão condições de contar com uma cobertura de plano de saúde privado. Dessa forma, para acompanhar o novo perfil populacional, o Brasil precisa expandir os modelos de atenção aos idosos, a exemplo dos países desenvolvidos.

Atualmente temos um déficit de leitos e de médicos especializados na atenção ao idoso. Segundo uma pesquisa do IPEA, em 2009 o Brasil contava com nove leitos em instituições de longa permanência para idosos a cada 1.000 habitantes, comparado com aproximadamente 55 leitos no Reino Unido e no Canadá. Além disso, o Brasil não tem formado médicos voltados para o cuidado com o idoso – temos um terço do total de idosos como percentual da população em relação ao Japão e um décimo de médicos geriatras.

Um efeito do envelhecimento populacional é o aumento da prevalência de doenças crônicas. Segundo o IBGE, 40% dos brasileiros adultos já vivem com doenças crônicas. Apesar disso, o país ainda enfrenta uma tripla carga de doenças: não apenas enfrentaremos as doenças crônicas no futuro, como acontece nos países desenvolvidos, mas também as doenças infectocontagiosas (como a tuberculose e as epidemias causadas pelo aedes aegypti, como a dengue e a zika), ainda muito relevantes no país, além de causas externas, como mortes por acidentes de trânsito e violência.

Embora haja casos de sucesso na execução de campanhas, como a campanha anual de vacinação contra a poliomielite, que tem sido bem-sucedida em manter a erradicação da doença no país, as ações que necessitam de atuação intersetorial e gestão coordenada poderiam melhorar. Como exemplo, o aumento da cobertura de tratamento de esgoto – que não chega a 50% da população em nenhuma das regiões do país – e a gestão das epidemias, como zika e dengue, que enfrentamos anualmente no verão.

Retirado da publicação Coalizão Saúde Brasil – Uma agenda para transformar o sistema de saúde